O que parece estar subentendido no
argumento para o controle de armas é que a disponibilidade de armas causa o
crime. Por extensão, a disponibilidade de qualquer coisa que possa ser usada
como arma deve ser vista como uma causa de crime. O que a Bíblia diz sobre esse
ponto de vista?
É melhor que comecemos do início, ou pelo
menos muito perto dele – em Gênesis 4. Neste capítulo, lemos sobre o primeiro
assassinato. Caim ofereceu um sacrifício inaceitável e estava perturbado por
Deus insistir que ele fizesse a coisa certa. Em outras palavras, Caim estava
irritado por não poder fazer a sua própria vontade.
Caim estava mais engajado em matar seu
irmão do que em andar corretamente com Deus. Não havia armas disponíveis,
embora provavelmente houvessem facas. Mas, se foi uma faca ou uma pedra, a
Bíblia não diz. O caso é que, o mal no coração de Caim foi a causa do
assassinato, não a disponibilidade de armas mortais.
A resposta de Deus não foi banir as pedras
ou as facas, ou o quer que fosse, mas, banir o assassino. Mais tarde (ver Gen.
9:5-6) Deus instituiu a pena capital, mas não disse sequer uma palavra sobre
proibir armas.
Cristo Ensinou o
Pacifismo?
Muitas pessoas, inclusive Cristãos, assumem
que Cristo ensinou o pacifismo. Eles citam em seu favor Mateus 5:38-39. Nesse
verso Cristo disse: “Vocês ouviram o que foi dito, ‘Olho por olho e dente por
dente.' Porém, eu vos digo, não resistais ao perverso; mas a qualquer que te
ferir a face direita, dá também a outra.”
O Sermão do Monte, onde essa passagem se
encontra, trata da correta conduta pessoal. Em nossa passagem, Cristo está
esclarecendo uma confusão que as pessoas faziam em pensar que a conduta
apropriada para o governo civil – isto é, fazer vingança – era também
apropriada para um indivíduo.
Até mesmo as palavras que Cristo escolheu
indicam que Ele estava aludindo à uma confusão, ou a uma distorção, que era
corriqueira. Diversas vezes no restante do Sermão do Monte, Cristo usou: “vocês
ouviram dizer isto”, uma figura de discurso para expor o engano e a falsidade
ensinada pelos líderes religiosos da época.
Contraste isto ao uso que Cristo faz da
frase “está escrito” quando Ele apelava para a autoridade das Escrituras (por
exemplo, ver Mateus 4 onde em três ocasiões durante sua tentação pelo Diabo,
Cristo respondeu a cada uma das mentiras de Satanás pela Escritura com as
palavras: “está escrito”).
Para perceber melhor o fato de que Cristo
estava corrigindo os líderes religiosos sobre seu ensino do “olho por olho”
aplicado à vingança pessoal, considere que no mesmo sermão, Cristo condena
veementemente o falso ensino: “Qualquer que quebrar algum destes mandamentos,
por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no
reino dos céus...” (Mt. 5:19). Fica claro, então, que Cristo não estava
ensinando nada sobre a auto-defesa diferente daquilo que é ensinado em outras
partes da Bíblia. Caso contrário, Ele estaria se contradizendo, pois estaria
agora ensinando os homens a quebrar um dos mandamentos.
A referência “olho por olho” foi extraída
de Êxodo 21:24-25, que trata de como o magistrado deve agir em relação ao
crime. A saber, a punição acompanha o crime. Os líderes religiosos do tempo de
Cristo haviam distorcido a passagem que se aplicava ao governo e, de forma
errada, a haviam aplicado como um princípio de vingança pessoal.
A Bíblia claramente distingue entre os
deveres do magistrado civil (o governo civil) e os deveres de um indivíduo. Ou
seja, Deus delegou ao magistrado civil a administração da justiça. Os
indivíduos têm a responsabilidade de proteger suas vidas dos agressores. Cristo
se referiu a esta distinção na passagem de Mateus 5. Vamos agora examinar
alguns detalhes do que as Escrituras dizem sobre as normas para os indivíduos e
o governo civil.
Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento
ensinam a auto-defesa pessoal, mesmo que isto implique em tomar a vida do
agressor, em determinadas circunstâncias.
A auto-defesa no
Velho Testamento
Êxodo 22:2-3 nos diz: “Se um ladrão estiver
roubando, e, sendo ferido, morrer, quem o feriu não será culpado de seu sangue.
Se o sol houver raiado sobre ele, haverá culpa por seu sangue. Ele fará
restituição total; se não tiver condições, então, será vendido por seu furto.”
Uma conclusão que podemos extrair daqui é
que uma ameaça à nossa vida deve ser reprimida com força letal. Depois que “o
sol houver raiado” parece referir-se a um julgamento diferente daquele
permitido à noite. À noite é mais difícil discernir se o intruso é um ladrão ou
um assassino. Além disso, a noite torna mais difícil a tarefa de defender-se e,
ao mesmo tempo, evitar matar o ladrão. Durante o dia, seria melhor livrar-se do
perigo, caso contrário, a defesa torna-se vingança, e esta é prerrogativa do
magistrado.
Em Provérbios 25:26, nós lemos: “O homem
justo que cede ao perverso é como uma fonte que foi turvada e poluída.”
Certamente, cederíamos ao perverso se escolhêssemos estar desarmados e
incapazes de resistir ao assaltante que pudesse ameaçar nossa vida. Em outras
palavras, não temos o direito de abrir mão de nossa vida -- que é presente de
Deus -- para o perverso. É um erro grave igualar a sociedade civilizada àqueles
que se ocupam em assolá-la com maldade, ao invés de serem pessoas decentes.
Confiando em Deus
Outra pergunta que os Cristãos fazem é,
“Ter uma arma não significa certa desconfiança sobre se Deus irá cuidar de
nós?”
Realmente, Deus irá cuidar de nós. Ele nos
disse também que se nós O amássemos, guardaríamos os Seus mandamentos (Jo.
14:15).
Os que confiam que Deus trabalha para que
eles vivam, sabem que 1 Timóteo 5:8 nos diz: “Mas se alguém não provê para si
próprio, e especialmente para os de sua casa, abandonou a fé e é pior do que um
incrédulo.” Não trabalhar, e ainda esperar comer porque está “confiando em
Deus” seria simplesmente estar tentando a Deus.
O rei Davi escreveu no Salmo 46:1 que “Deus
é nosso refúgio e fortaleza, um grande socorro presente na angústia.” Isto não
conflita com a oração ao Deus, “Que treina minhas mãos para a guerra e meus
dedos para a batalha.” (Sl. 144:1).
A doutrina da Escritura é que nós nos
preparamos e trabalhamos, mas deixamos o resultado com Deus.
Aqueles que confiam em Deus deveriam também
fazer a provisão adequada para a sua própria defesa, assim como somos
instruídos nas passagens citadas acima. Pois um homem que recuse suprir defesa
adequada para si e sua família estará tentando a Deus.
Há um agravante com relação a adotar a
posição do “eu não preciso me armar; Deus irá me proteger.”
Em um certo ponto, quando Satanás estava
tentando a Jesus no deserto, ele desafiou Jesus a jogar-se de cima do templo.
Satanás presumiu que os anjos de Deus poderiam protegê-Lo. Jesus respondeu:
“Novamente está escrito, ‘Não tentarás ao Senhor teu Deus'” (Mt. 4:7)
Pode parecer piedoso dizer que confia em
Deus para proteção – e todos nós devemos confiar – mas tentamos a Deus se não
nos submetemos ao padrão que Ele nos deixou na Bíblia.
O Dever do
Governo Civil
A Bíblia registra o primeiro assassinato em
Gênesis 4 quando Caim matou seu irmão Abel. A resposta de Deus não foi
registrar as rochas ou listar aqueles que possuíam um arado, ou o que quer que
Caim tenha usado para matar seu irmão. Ao invés disso, Deus tratou com o
criminoso. Desde Noé, a pena para o assassinato tem sido a morte.
Vemos a recusa em se aceitar os princípios
que Deus nos deu lá no começinho de tudo. Hoje vemos crescer a aceitação da
idéia de que controlar o arsenal de armas disponíveis aos criminosos irá
diminuir o crime, enquanto raramente devemos executar aqueles que são culpados
de assassinato.
Em Mateus 15 (e em Marcos 7), Cristo também
acusou os lideres religiosos de seu tempo de se oporem à execução daqueles
jovens rebeldes que eram merecedores de morte. Eles haviam substituído os
mandamentos de Deus com suas próprias tradições. Deus nunca esteve interessado
em controlar os meios de violência. O que Ele sempre fez foi punir e, quando
possível, restaurar (seja por restituição e excomunhão) o transgressor. O
controle de indivíduos deve ser deixado a seu auto-governo. A punição dos
indivíduos pelo governo civil deve ser feita quando acontece algo de errado com
esse auto-governo.
Em nenhuma parte da Bíblia Deus deixa
brecha para tratar dos instrumentos de crime. Ele sempre foca nas conseqüências
que um indivíduo terá de arcar para suas ações. O céu e o inferno só dizem
respeito às pessoas, não às coisas. A responsabilidade pertence somente às
pessoas, não às coisas. Se esse princípio, que está profundamente arraigado na
lei comum, permanecesse ainda hoje, os legisladores contra os fabricantes de
armas deveriam banir somente os produtos que funcionassem mal.
Auto-Defesa
Versus Vingança
Resistir a um ataque não deve ser
confundido com fazer vingança, a qual é domínio exclusivo de Deus (Rom. 12:19).
Ela tem sido delegada ao magistrado civil, que, como lemos em Romanos 13:4,
“...é ministro de Deus para teu bem. Mas se fores mal, teme; pois não é em vão
que vem a espada; pois é ministro de Deus, um vingador para castigar o que
pratica o mal.”
Os meios de vingança pessoal podem tornar
alguém um criminoso se agir depois que sua vida não está mais em perigo, ao
contrário de quando alguém está se defendendo de um ataque. Esse é o ponto
crucial que têm sido confundido por cristãos pacifistas que querem tomar a
passagem do Sermão do Monte sobre dar a outra face (o que proíbe a vingança
pessoal) como um mandamento para anular-se ante o perverso.
Consideremos também o que nos diz o Sexto
Mandamento: “Não matarás.” Nos capítulos seguintes, Deus dá a Moisés algumas
situações que requerem a pena capital. Evidentemente, Deus não está dizendo que
nunca se deve matar, mas que não devemos tirar a vida de um inocente. Considere
também que o magistrado civil é um terror para aqueles que praticam o mal. Essa
passagem não está de modo algum significando que o papel da lei
obrigatoriamente é prevenir crimes ou proteger os indivíduos dos criminosos. O
magistrado é um ministro que serve como “um vingador para castigar o que
pratica o mal” (Rom. 13:4).
Este ponto está refletido na doutrina legal
dos Estados Unidos. Repetidamente, as cortes mantiveram que o governo civil não
tem nenhuma responsabilidade de fornecer segurança individual. Em um caso
(Bowers x DeVito) se expressou desta maneira: “Não há nenhum direito
constitucional para ser protegido pelo estado contra ser assassinado.”
Auto-Defesa no
Novo Testamento
Cristãos pacifistas podem tentar argumentar
que Deus mudou Sua mentalidade do tempo em que Ele deu os Mandamentos a Moisés
no Monte Sinai. Eles podem, por exemplo, querer que nos convencer de que Cristo
cancelou os Dez Mandamentos de Êxodo 20 ou a base para o assassinato
justificável de um ladrão em Êxodo 22. Mas o escritor aos Hebreus deixa claro que
não é assim, porque “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente” (Heb.
13:8). No Velho Testamento, o profeta Malaquias grava da seguinte maneira as
palavras de Deus: “Pois eu sou o Senhor, eu não mudo.” (Mal. 3:6).
Paulo estava se referindo à imutabilidade
da Palavra de Deus quando escreveu a Timóteo: “Toda Escritura é dada por
inspiração divina, e é útil para o ensino, admoestação, correção, para
instrução na justiça, para que o homem de Deus possa ser perfeito,
completamente capacitado para toda boa obra” (2 Tim. 3:16-17). Evidentemente,
Paulo encarava toda a Escritura, incluindo o Velho Testamento, como útil para
instruir os cristãos em cada área da vida.
Devemos considerar também que Cristo disse
a seus discípulos em suas últimas horas com eles: “...Mas agora, quem tem uma
bolsa, tome-a, e faça o mesmo quem tiver uma espada; e quem não tiver uma
espada, venda sua capa e compre uma” (Lc. 22:36). Tenha em mente que a espada
era a mais letal arma ofensiva disponível para um soldado individual – seria o
equivalente hoje a um rifle militar.
Os pacifistas cristãos provavelmente irão
objetar nesse ponto que algumas poucas horas mais tarde, Cristo repreende Pedro
por usar uma espada para cortar a orelha de Malco, um servo do sumo sacerdote
em companhia de um destacamento de tropas. Vemos ler o que Cristo diz a Pedro
em Mateus 26:52-54:
Embainha a tua espada, pois todo aquele que
usa a espada irá perecer pela espada. Ou você pensa que eu não posso agora orar
a Meu Pai, e ele me mandaria mais do que doze legiões de anjos? Como, então,
pode ser cumprida as Escrituras dizendo que isto deve acontecer?
Na passagem paralela em João 18, Jesus diz
a Pedro para guardar sua espada e diz que beberá do copo que Seu Pai lhe tem
dado. Não era a primeira vez que Cristo explicava a seus discípulos porquê ele
veio à terra. Para cumprir a Escritura, o Filho de Deus teve de morrer pelos
pecados do homem, uma vez que o homem era incapaz de pagar por seus próprios
pecados, livrando-se do fogo do inferno. Cristo poderia ter salvado sua vida,
mas então os crentes perderiam suas vidas eternamente no inferno. Essas coisas
tornam-se claras para os discípulos somente depois de Cristo ter morrido e
levantado dos mortos, e depois do Espírito ter vindo ao mundo no Pentecostes
(ver Jo. 14:26).
Quando Cristo disse a Pedro “ponha sua
espada no lugar,” evidentemente ele não disse que a deixasse lá para sempre.
Isto contradizeria o que ele havia dito aos discípulos apenas algumas horas
antes. A espada de Pedro era para proteger sua própria vida mortal do perigo.
Sua espada não era necessária para proteger o Criador do Universo e o Rei dos
Reis.
Anos depois do Pentecostes, Paulo escreve
em uma carta à Timóteo: “Mas se alguém não provê para si próprio, e
especialmente para os de sua casa, ele abandonou a fé e é pior do que um incrédulo”
(1 Tim. 5:8). Essa passagem se aplica a nosso assunto porque seria absurdo
comprar uma casa, abastecê-la com comida e outras necessidades de uma família,
e então recusar-se a instalar fechaduras e a prover os meios de proteger a
família e a propriedade. Do mesmo modo, seria absurdo não tirar, se necessário,
a vida de um ladrão noturno para proteger os membros da família (Ex. 22:2-3).
Um relato e um conceito até mais amplo é
encontrado na parábola do Bom Samaritano. Cristo sintetizou um sumário de todas
as leis bíblicas do Velho Testamento em dois grandes mandamentos: “‘Amarás o
Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua
força, e com todo o teu entendimento; e a teu próximo como a ti mesmo'” (Lc.
10:27). Quando perguntaram quem era esse próximo, Cristo contou a parábola do
Bom Samaritano (Lc. 10:30-37). Foi o Bom Samaritano que cuidou da vítima de
ataque, o samaritano era o “próximo” da vítima. Os que passaram perto e
ignoraram a situação da vítima não agiram como “próximos” dele.
À luz de tudo o que vimos a Escritura
ensinar sobre este ponto, podemos perguntar: se pudéssemos salvar a vida de
alguém das mãos de um agressor por meio de um tiro no agressor com nossa arma
deveríamos “dar a outra face”? A Bíblia não fala disto como correto. Fala
somente das nossas responsabilidades em face de uma agressão – como criaturas
individuais feitas por Deus, como chefes de família, ou diante do nosso
próximo.
Bênçãos e
Maldições Nacionais
O Antigo Testamento também nos fala bastante
sobre o relacionamento positivo entre a retidão, que exalta a nação, e a
auto-defesa. Deixando claro que em tempos de rebelião nacional contra o Senhor
Deus, as leis da nação irão refletir a degradação espiritual do povo e o
resultado é a rejeição da lei de Deus, a soberba dos oficiais, o desarmamento,
e opressão.
Por exemplo, o povo de Israel foi oprimido
durante o tempo da lei dos juízes. Isto ocorreu em qualquer tempo em que o povo
apostatou. Juízes 5:8 nos fala que, “Escolheram-se deuses novos; então, a
guerra estava às portas; não se via escudo nem lança entre quarenta mil em
Israel.”
Considere Israel sob Saul: O primeiro livro
de Samuel fala da mudança de rumo de Israel para com Deus. O povo não queria
ser governado por Deus; eles queriam ser regidos por um rei como os pagãos, as
nações odiadas por Deus em derredor. Samuel advertiu o povo que se eles
persistissem em pôr um rei sobre seus ombros e de suas famílias, a decisão
recairia sobre eles. Incluindo naquela decisão o levantamento de um exército
profissional composto por seus filhos e filhas para as agressivas guerras (1
Sam. 8:11).
Essa decisão não é desconhecida nos Estados
Unidos. Tudo aquilo que Samuel advertiu ao povo, Saul realizou. Sua reunião de
um exército armado foi repetida nos Estados Unidos, e não só em termos de
forças armadas, mas também com os 650.000 oficiais de polícia contínuos para
todos os níveis do governo civil.
Saul era o rei que israelitas pediram e
tiveram. Ele era bonito aos olhos do mundo, mas um desastre aos olhos do
Senhor. Saul não confiou em Deus. Ele se rebelou contra a forma de sacrifício
do Senhor. Saul pôs a si mesmo acima de Deus. Ele era impaciente. Ele recusou
esperar por Samuel porque o modo de Deus estava sendo um tanto demorado. Saul
foi adiante e executou ele mesmo o sacrifício, violando assim os mandamentos de
Deus (e, incidentalmente, violando também a separação que Deus ordenou entre os
deveres da igreja e do estado!).
Assim Saul perdeu sei reinado. E, foi sobre
ele que os Filisteus puderam derrotar os Judeus e escravizá-los. Quão grande
foi a escravidão exercida pelo Filisteus: “Ora, não se encontrava nem um
ferreiro em toda a terra de Israel: pois os Filisteus disseram, ‘Para que os
Hebreus não façam espadas ou lanças.' Mas todos os israelitas tinham de descer
aos filisteus para amolar a relha do seu arado, e a sua enxada, e o seu
machado, e a sua foice.... Sucedeu que no dia da batalha, não se achou nem
espada, nem lança na mão de nenhum do povo que estava com Saul e com
Jônatas...” (1 Sam. 13:19-20, 22-23).
Hoje, os mesmos objetivos dos Filisteus
seriam realizados por um opressor que banisse as armas da terra. A espada de
hoje é a pistola, o rifle, ou a espingarda. O controle de espadas dos Filisteus
é hoje o controle de armas daqueles governos civis que não permitem que seus
cidadãos tenham armas.
É importante entender que o que aconteceu
aos judeus no tempo de Saul não foi inesperado de acordo com as sanções
proferidas por Deus em Levítico 26 e Deuteronômio 28. Nos primeiros versos
daqueles capítulos, bênçãos são prometidas à nação que seguirem as leis de
Deus. Nas últimas partes daqueles capítulos, as maldições são pronunciadas para
uma nação que venha a ser julgada por sua rebelião para com Deus. Deuteronômio
28:47-48 nos ajuda a entender a razão para a opressão de Israel pelos Filisteus
durante o reinado de Saul:
Porque não serviste ao Senhor, teu Deus,
com alegria e bondade de coração, não obstante a abundância de tudo. Assim, com
fome, com sede, com nudez e com falta de tudo, servirás aos inimigos que o
Senhor enviará contra ti; sobre o teu pescoço porá um jugo de ferro, até que te
haja destruído.
A Bíblia fornece exemplo de bênçãos de Deus
sobre Israel por sua fidelidade. Essas bênçãos incluem uma forte defesa
nacional acoplada à paz. Um claro exemplo ocorreu durante o reino de Josafá. 2
Crônicas 17 fala de como Josafá conduziu Israel à fidelidade a Deus que incluía
uma forte defesa nacional. O resultado: “E o temor do Senhor sobre todos os
reinos da terra que estavam ao redor de Judá, de modo que não fizeram guerra
contra Josafá” (2 Cr. 17:10).
O exército Israelita era um exército de
milícia (Num 1:3ff.) que ia para a batalha com cada homem carregando sua
própria arma – do tempo de Moisés, passando pelos Juízes, e além. Quando
ameaçados pelos Midianitas, por exemplo, “Moisés falou ao povo dizendo, ‘Armai
alguns de vós para a guerra, e que saiam contra os midianitas, para fazerem a
vingança do Senhor contra eles'” (Num 31:3). Outra vez, demonstra-se a herança
bíblica de carregar e portar armas, durante o tempo de Davi no deserto
escondendo-se de Saul, “Davi disse a seus homens, ‘Cada homem cinja sua
espada.' Então cada homem cingiu a sua espada, e Davi também a sua” (1 Sm.
25:13).
Finalmente, considere Neemias e aqueles que
reconstruíram os portões e os muros de Jerusalém. Eles eram tanto construtores
quanto defensores, cada homem – casa servo – armou-se com sua espada:
Os carregadores, que por si mesmos tomavam
as cargas, cada um com uma das mãos fazia a obra e com a outra segurava a arma.
Os edificadores, cada um trazia a sua espada à cinta, e assim edificavam (Ne.
4:17-18).
Conclusão
A sabedoria dos que fizeram a Constituição
[Americana] é consistente com as lições da Bíblia. Os instrumentos de defesa
devem estar espalhados por toda a nação, não concentrados nas mãos do governo
central. Em um bom país, cada homem age corretamente por meio do Espírito Santo
que trabalha nele. Não há razão para o governo civil querem o monopólio da
força; o governo civil que deseja tal monopólio é um perigo à vida, liberdade,
e propriedade de seus cidadãos.
A simples suposição de que pode ser
perigoso que as pessoas carreguem armas é usada para justificar o monopólio da
força por parte do governo. A noção de que não se pode confiar que as pessoas
mantenham suas próprias armas nos mostra que, como o tempo de Salomão, não só
para os muito ricos, é também um tempo perigoso para as pessoas simples. Se
Cristo não for nosso Rei, nós teremos um ditador a governar sobre nós,
justamente como advertiu Samuel.
Para aqueles que pensam que Deus tratou
Israel de maneira diferente da que irá nos tratar hoje, por favor considere o
que Deus disse ao profeta Malaquias: “Pois eu sou o Senhor, eu não mudo...”
(Mal. 3:6).
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Larry Pratt é diretor executivo
da Gun
Owners of America (com 150.000 membros), foi eleito
Oficial na legislatura estadual da Virgínia, e é presbítero na Igreja
Presbiteriana na América.